domingo, 19 de abril de 2009

Pato

Na realidade, nunca gostei de patos. Sempre fui mais apreciador de coelhos. Especialmente á mesa. Mas na realidade eu quando era pequeno até queria uma patinho, daqueles amarelo torrado com um bico alaranjado.
Então, fiz um acordo com o meu avô. Ele arranjava-me o pato, arranjava a comida dele, o alojamento(um vaso grande cercado com arame farpado) e depois quando ele crescesse ele tinha de ser comido. Como eu sabia que se chorasse no acto de matarem o pato não o matavam mesmo, aceitei. Arrependi-me. O pato era muito feio. Mal vi um pato meio preto, com garra enormes, um bico aguçadíssimo, uma cauda que em vez de ter um tufo de penas era careca e com um grasnar que mais parecia um paneleiro a ficar engasgado com meita, os meus olhos encheram-se de Ódio. Olhei para o meu avô com ódio ao que ele me retribuiu com: "Cuida bem dele, olha que tens pouco tempo , para a semana já deve estar grande o suficiente..."
A minha relação com o pato nem era má de todo. Ele até fazia coisas queridas como vir atrás de mim para todo o lado, morder o orgão genital á minha avó enquanto ele estava deitada no sofá(devia confundir com o grelo que eu lhe dava para comer), cagar o chão todo ao que o meu avô era obrigado a limpar e sentar-se ao pé de mim a ver o looney toones. Infelizmente eu não gostava do looney toones. Fazia me sentir agressivo. O único que eu gostava era o Bugs Bunny e infelizmente para o pato estava a dar um episódio do Porco.
Então estava eu no sofá a comer bollycao e a ver os looney toones e o caralho do pato aparece. Ele salta para o sofá e fica lá sentado. Estava quase a me esquecer que o odiava. Entretanto ele mordeu-me. Não gostei muito, mas continuei a ver descansado(ira). Ele estava num daqueles dias fodidos e mordeu-me outra vez. Não gostei muito mas conti-me(á próxima fodes-te pato de merda-disse furiosamente enquanto coçava o esquerdo). Infelizmente em Portugal os animais não são muito inteligentes, e as crianças que cresceram a ver o dragon ball são deveras agressivas. Acho que o pato não contou com eu levantar-me do sofá, pegar nele e usar a cabeça dele como martelo no sofá. Martelei-o repetidas vezes. Desta vez foi ele que não gostou muito. Aliás, não gostou mesmo nada já que passado uns segundos foi pó caralho.
Após o alegado homicídio do pato fui rapidamente ás escadas que davam para o andar de cima e disse bem alto: AVÔ, MATEI O PATO!!!!!!- e disse-o com orgulho, mais ou menos o orgulho de conseguir violar uma maçã com 8 anos.
O meu avô ja tinha arroxado após uma longa tarde de vinho comprado no Pingo Doce, daquele que custava 100 paus.
Nunca me esqueci deste episódio, ajudou-me a perceber que eu tenho o controlo do que vive e do que morre.

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