sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O post acerca do Entretanto



Não escrevo desde Outubro por uma razão bastante sóbria: Tempo. E o tempo é muito parecido com O Tesão- desperdiçamo-lo por pensar que é infinito.
As coisas mudaram bastante desde o post da mulher ideal. Se calhar não mudaram assim tanto. Continuo o mesmo rapaz maroto, sedento do verdadeiro amor físico. No entanto fui aprendendo umas dicas neste mês e meio. Aprendi que a confiança para agir é uma mera distorção do carácter sério da acção humana. Aprendi que a confirmação da existência da paixão humana só pode ser considerável após a confirmação da existência de uma outra realidade feita de algodão, sobreposta á realidade predominantemente física e táctea da nossa existência terrena, aprendi a verdadeira natureza do arrependimento, aprendi que sair todas as sextas feiras e sábados á noite e enxergar-me em álcool pode ajudar na realização de objectivos escolares(de 0 a 18 a matemática), aprendi que não fumar antes de fazer o que quer que seja reduz a minha possibilidade de sucesso, aprendi que o humor é a manipulação da minha realidade e da realidade circundante e a sua reorganização de forma a poder fornecer divertimento a mim e ás entidades á minha volta e aprendi que as pretas servem para mais do que para escravas.
Muito resumidamente os landmarks deste mês e meio decididamente foram:

Ter me apaixonado mas ter desistido.
Ter me arrependido de ter desisistido.
Ter aprendido skills de guitarra de jazz.
Ter frequentado todos os convívios de associações de estudantes do dona maria e me ter arrependido de quase todos.
Ter embirrado com algumas amigas.
Ter me tornado um rapaz muito menos físico.
Ter me apaixonado outra vez.
Ter me arrependido de me ter deixado apaixonar outra vez.
Ter me arrependido de me ter arrependido de me ter deixado apaixonar outra vez.
Ter feito o download ilegal do album "Kind of Blue" de Miles Davis.
Quase ter tido relações sexuais com uma rapariga de etnia negra.
Ter me apercebido que estou cansado de escrever sobre humor nascido de futilidade, forjada pela necessidade incessante de divertimento á custa de outras entidades cujas identidades desconheço.
E principalmente, ter me apercebido que temos um montão de coisas na nossa vida que tomamos por garantido e que lá no fundo agimos como se as tivéssemos para sempre. É mentira.
É engraçado. Tudo isto prova irrevogavelmente que tenho muito mais medo do que conheço e do que sei que existe, ao contrário da maior parte das pessoas que vive em permanente sofrimento por não poder determinar a causa da sua morte futura ou qualquer outra tragédia no seu futuro eminente. O meu caso é outro. Descobri que tenho bastante dificuldade em lidar com pessoas. Não gosto de determinar coisas com as pessoas que tenham que verificar uma alteração permanente na minha maneira de lidar com elas. Não gosto que olhem para mim com um "porquê?" demasiado presente nos olhos. Não gosto de magoar. Não gosto de dar justificações. Aliás, por mais triste que pareça, não gosto de lidar com pessoas, embora seja uma das coisas em que perco mais tempo. Gosto de estar sozinho, envolto no meu espaço. Gostava de existir apenas quando me apetecesse, assim quando precisassem de mim eu podia simplesmente não existir. Lá bem no fundo, até sou cínico a este ponto. As regras que me regem são bastante influenciadas por esse mesmo cinismo e as regras que regeram as melhores e as piores atitudes que tive também foram forjadas por esse mesmo cinismo, e entretanto apercebi-me da importância dessa dimensão na realidade do meu quotidiano. Nos próximos tempos terei que fazer muitas escolhas relativas a mim e á minha boa disposição, pelo que algumas pessoas sofrerão com a minha má disposição presente.
God bless individualism